Sobá, tereré e viola-de-cocho são temas de videodocumentários produzidos no MS

Sobá, tereré e viola-de-cocho são temas de videodocumentários produzidos no MS

Dar protagonismo a elementos que são bens culturais e imateriais de Mato Grosso do Sul, esse é o objetivo do projeto “Do Nosso Jeito – Em Busca do Ser Sul-Mato-Grossense”, realizado pelo Instituto de Desenvolvimento Educacional Alexandrina Carlos Pinheiro (IDEACP).

˜Criamos este projeto para valorizar os símbolos culturais do MS. Chamar a atenção para nossos patrimônios culturais, neste caso, os imateriais, que têm a ver com o modo de fazer e que também revelam a nossa herança cultural ligada aos indígenas, aos paraguaios e aos japoneses, um caldeirão de influências que, juntas, deram origem ao DNA sul-mato-grossense”, explica Rodrigo Teixeira, um dos apresentadores e também idealizador do projeto.

São três videodocumentários, de aproximadamente 25 minutos de duração, que referenciam a viola-de-cocho em Corumbá, o Sobá em Campo Grande e o Tereré em Ponta Porã. Neles, explica-se um pouco mais sobre a importância destes elementos na dinâmica identitária de MS e como a inserção no cotidiano da população do Estado, se tornou tão evidente, que os seus ‘modos de fazer’ foram tombados, respectivamente, em 2005, 2006 e 2011.

Os videodocumentários registraram personagens, mostraram os elementos característicos e revelaram curiosidades sobre a história, os rituais e as dinâmicas sociais dos três bens culturais imateriais. O projeto recebeu investimento do FUNLES – Fundo de Defesa e Reparação de Interesses Difusos e Lesados – pelo Edital SEMAGRO/FUNLES Nº 001/2021.

Viola-de-cocho o som do Pantanal

Desde o final do século 19, há indícios da presença da viola-de-cocho entre os indígenas do Pantanal, e até hoje ela faz parte dos principais festejos da região, o que fez com que ela se tornasse patrimônio cultural de Mato Grosso do Sul.

Mas para que um elemento se torne patrimônio histórico de um local, é preciso muita pesquisa e estudos, mas principalmente o contato com a comunidade local. No caso, o videodocumentário retratou as rodas de cururu e as festas promovidas pelos ”cururueiros” com a presença sempre da viola-de-cocho.

“O projeto deu a oportunidade de reunirmos os cururueiros e divulgar o trabalho de cada um deles. Costumamos dizer que na verdade o patrimônio são eles, porque eles detém esse saber ligado ao modo de fazer a viola-de-cocho. Então divulgar o trabalho deles, a história de cada um, é muito importante pra que cada vez mais as pessoas da região possam conhecer e preservar essa história”, ressalta Wanessa Rodrigues, socióloga e produtora cultural.

A diretora executiva do Instituto Moinho Cultural, em Corumbá, Marcia Rolon, participou das gravações e fala do quanto válido aproximar a história local das novas gerações.

“Valorizar os patrimônios culturais do nosso estado é mantê-los vivos. São pouquíssimas as ações que temos efetivas de educar crianças, adolescentes, jovens com lembranças, com contações de história, com elementos que às vezes para esses futuros cidadãos possa parecer algo desimportante. Então da maneira como ele é colocado, da maneira como ele entra dentro da escola, ele entra carregado de força, orgulho e de pertencimento. O que mais nós precisamos hoje é de referências de identidade e de pertencimento. Então eu valorizo muito quem coloca a frente projetos que falam sobre as nossas importâncias e fazem com que a gente sinta orgulho de quem somos.”, pontua Márcia.

Sobá e seu protagonismo 

Um dos personagens trazidos nos videodocumentários é a dona Dirce Guenka, que há mais de 20 anos fabrica o macarrão próprio para sobá. São cinco pessoas da mesma família que trabalham em torno da produção, com foco no produto principal da iguaria.

“Começamos de forma caseira, fazíamos tudo a mão e com uma máquina pequena, tudo bem manual, conseguíamos produzir 10kg de macarrão em média. Hoje já produzimos em torno de 450kg só aos sábados chegando a aproximadamente 6 mil kg por mês. Trabalham na fábrica meu filho, minha nora, duas filhas e um neto”, explica Dona Dirce.

Seu filho Fred recebeu a equipe dentro da fábrica e disse como foi participar do documentário. “A equipe foi bem atenciosa, e educados, tentaram mostrar nosso trabalho da melhor forma. A repercussão está ótima, muita gente comentando e também pessoas que desconheciam nosso produto vieram nos procurar. Enfim, gostei muito, só tenho a agradecer”, pontuou.

Tereré companheiro fiel do sul-mato-grossense

Difícil não ver um sul-mato-grossense acompanhado de um tereré bem gelado, e o projeto foi até a fronteira com o Paraguai mostrar a importância dessa bebida para o dia-a-dia da nossa população, tanto que se tornou patrimônio material da humanidade.

˜Foi muito gratificante participar desse projeto, visto que o mesmo trata da preservação da memória coletiva e na formação de uma sociedade. Essa preservação influencia diretamente em uma reinterpretação sobre novos olhares históricos, pertencentes a determinada região. O patrimônio histórico faz parte da identidade de uma sociedade quanto as suas características, costumes, seu comportamento, além de ser um registro fundamental para as futuras gerações sobre a importância da preservação da memória, influenciando diretamente na formação cultural local” descreve o historiador, que no videdocumentário contou um pouco mais sobre a história do tereré, Prof. Me. Yhulds Giovani Pereira Bueno.

Serviço

No lançamento do projeto, o vídeo será apresentado presencialmente para os estudantes do Moinho Cultural em Corumbá, Na Câmara Municipal em Ponta Porã e na Feira Central em Campo Grande. Para quem quiser acessar os documentários os mesmos já estão disponíveis na página do Instituto através do link.

Lançamento em Corumbá MS
Data: 09/03/2023
Horário: 16h
Local: Moinho Cultural – Rua Domingos sahib,300 – Porto geral

Lançamento em Ponta Porã MS
Data: 22/03/2023
Horário: 19h
Local: Câmara Municipal – Av. Brasil, 3470 – Centro

Lançamento em Campo Grande MS
Data: 29/03/2023
Horário: 19h
Local: Feira Central – Rua Quatorze de Julho, 3351

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