Enquanto Pantanal agoniza, instituição de MS leva a mensagem da importância da conservação por meio da arte

Moinho Cultural existe há 20 anos no coração do Pantanal e na fronteira do Brasil com a Bolívia, em Mato Grosso do Sul

Enquanto o Pantanal vive a maior seca de sua história, uma instituição sul-mato-grossense tem chamado a atenção por onde passar para a importância da conservação do bioma e da maior planície alagável do planeta. Criado há 20 anos, no coração do Pantanal e na fronteira do Brasil com a Bolívia, o Instituto Moinho Cultural, que já atendeu mais de 25 mil crianças e adolescentes neste período, tem, por meio da arte provocado a reflexão sobre a responsabilidade de cada um com a conservação do bioma pantaneiro.

Uma das iniciativas é o espetáculo Guadakan, que estreou em dezembro de 2022 e, desde então, já foi apresentado a mais de 5 mil pessoas em diversos estados e também fora do país. No mês passado, a montagem foi apresentada no Paraguai, durante um festival internacional de dança.

Concebido a partir de um mito indígena Guató, uma etnia estabelecida na fronteira do Brasil com a Bolívia, o espetáculo conta uma história que ressalta a necessidade da preservação do Pantanal e toda a sua biodiversidade, principalmente no atual momento vivido pela humanidade, com diversos tipos de mudanças e emergências climáticas. Unindo dança contemporânea e música, com uma trilha sonora executada ao vivo, a montagem faz uma viagem às origens dos povos do Pantanal, buscando a sabedoria dessa ancestralidade, que atravessa gerações, para revelar alertas.

Guadakan foi apresentado inicialmente como o espetáculo de fim de ano da instituição, que atua nos territórios fronteiriços do Brasil para a transformação positiva da realidade local, dando voz e vez às crianças, adolescentes e jovens, por meio de acesso a bens culturais, conhecimento tecnológico, noções de empreendedorismo e cidadania plena.

Neste ano, o espetáculo, já em fase de produção, tem como o tema o livro “O Fazedor de Amanhecer”, de Manoel de Barros. O espetáculo, em formato de aula pública, reúne mais de 500 pessoas na organização e será apresentado no início de dezembro, em uma praça pública de Corumbá (MS), o município brasileiro com mais focos de incêndio em diversas ocasiões e onde fica a sede da instituição.

Baseado no livro “O Fazedor de Amanhecer”, de Manoel de Barros, o Instituto Moinho Cultural Sul-Americano já iniciou os preparativos para o espetáculo em formato de aula pública, do Moinho In Concert 2024, que tem data marcada para 14 de dezembro, na Praça Generoso Ponce, em Corumbá (MS).

Manoel de Barros, além de ser um dos pantaneiros mais expoentes, foi um fiel defensor da natureza, das miudezas da vida e do jeito simples de viver. Este é o terceiro ano que uma obra de Manoel de Barros inspira o espetáculo de fim de ano da instituição, que oferece uma formação de oito anos para as crianças atendidas.

Além de reunir as crianças e os adolescentes atendidos pelo Moinho Cultural, o espetáculo de fim de ano, conhecido como Moinho In Concert, também reúne, no mesmo palco, a OCAMP (Orquestra de Câmara do Pantanal) e a Cia de Dança do Pantanal. Ambos, nasceram dentro da instituição e são grupos profissionais, com vários ex-atendidos entre seus músicos e bailarinos.

Para a diretora-executiva do Moinho Cultural, Márcia Rolon, falar sobre o Pantanal nunca foi tão urgente. “A cada apresentação, temos reafirmado a nossa responsabilidade com a conservação do Pantanal, um bioma único e essencial não só para a biodiversidade, mas para a nossa própria identidade cultural. O Pantanal está sob constante ameaça, e a urgência de ações concretas nunca foi tão grande. O Moinho Cultural, como parte ativa desta comunidade, acredita que a educação e a sensibilização ambiental são ferramentas fundamentais para a conservação deste patrimônio natural. A preservação do Pantanal é uma causa que deve ser abraçada por todos, desde as futuras gerações até os líderes de hoje, pois o que está em jogo é o nosso futuro coletivo”, afirma.

Márcia Rolon participa, no dia 12 de novembro, no Theatro Municipal de São Paulo, da cerimônia da edição histórica de 20 anos do Empreendedor Social. Na ocasião, serão anunciados os vencedores de duas categorias da premiação: Inovadores Sociais do Ano e Soluções que Inspiram.

O Empreendedor Social é realizado desde 2005 pela Folha e pela Fundação Schwab. A premiação reconhece lideranças de áreas estratégicas, além de soluções de impacto em diversas áreas.

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